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O Destruidor de mundos, de Vinicius Rocha



O destruidor de mundos é uma história longa e cativante. Demorei cerca de três dias para completar a leitura com calma, e valeu muito a pena.


A história começa com uma tragédia envolvendo magia na cidade de Nova York. Em uma atmosfera tanto noir quanto fantástica, personagens misteriosos são apresentados em uma cena que explicará muita coisa ao longo da história. Essa estrutura narrativa de introdução torna a leitura intrigante, entretanto o caos dura pouco.


Logo somos apresentados ao núcleo de personagens principais, onde o protagonista, Marc Jones, um jovem audacioso, vive uma rotina pacata com a família Hicks, que o adotou desde a morte de seu pai. Com um personalidade corajosa, Marc é o típico herói adolescente, suas características são quase sempre positivas, exceto quando briga com seu meio-irmão, John, que apesar de ser o filho biológico do casal, claramente, não é o filho favorito; talvez pelo jeito ranzinza e raivoso, quase oposto ao brincalhão Marc.


Após uma visita ao Museu de Arte Moderna, uma série de acontecimentos estranhos começa a rondar Marc, incluindo uma carta convite do Departamento Nacional de Orientação, Admissão e Registro Estudantil. Eis que Marc e John são convidados à escola de magia por terem a linhagem de guardiões, e precisam decidir em qual escola estudar. Aqui o ritmo da história começa a acelerar continuamente. O garoto se surpreende ao descobrir que os acontecimentos anteriores não eram ilusões, entretanto descobre que somente ele não sabia de sua origem mágica.


Após decidirem ir para a Escola de St. Thomas, os personagens são encaminhados a uma viagem de trem, e é aqui que conhecemos o segundo núcleo de personagens que acompanharão Marc em sua jornada, Sarah, Brad, Will, dentre outros.


A escola de St. Thomas é separada em quatro casas: Água, Terra, Fogo e Ar. E como a habilidade de Marc se manifesta pela água, é nesta casa que ele vivencia uma série de mistérios, e onde se vê alvo de um antigo segredo, envolvendo o guardião caído mais famoso de todos os tempos.


O final, que não revelarei detalhes aqui, é de tirar o fôlego, e novamente me surpreendeu pela construção narrativa. Pois é uma trama de suspense poderosa. Lembrei-me dos livros policiais de minha adolescência.

O livro "O destruidor de mundos" apresenta vários elementos comuns ao mundo da fantasia, o que pode agradar bastante o público jovem adulto. A escrita de Vinicius é um adicional de qualidade, à parte e o autor está preparando a sequência que promete fugir da linha do livro anterior para um amadurecimento por parte do personagem. O que aguardo ansiosamente.


Conheça o autor


Vinicius Rocha é escritor independente, formado em jornalismo e mestrando em comunicação. Nascido em SP, mudou para a Bahia com 2 anos, atualmente mora em Aracaju. É autor de "O Destruidor de mundos", primeiro volume da série "O Kar-tet".



Como foi seu primeiro contato com a literatura?

Desde pequeno, sempre fui muito incentivado a ler por minha mãe, tínhamos muita coisa lá em casa: literatura, livros didáticos, revistas, jornais, Bíblias, revista da Avon, gibis... devorava tudo.


E quando você decidiu ser escritor?

Sempre gostei muito de “expressar” as coisas de que gostava do meu jeito, então conforme cresci comecei a gerar muitas ideias para futuros livros. Mas não me sentia seguro em escrevê-los, principalmente porque sempre pareciam ser plágios de obras que eu li. Foi só no Ensino Médio que tomei coragem de escrever "O Destruidor de Mundos", graças ao meu professor de Redação e minha professora de Literatura, que me incentivaram a escrever um livro. O apoio deles foi tão importante que seus nomes constam nos agradecimentos da obra.


Você acredita que a formação que você escolheu tenha a ver com a sua escrita?

Em tese, a forma de escrever do jornalista e pesquisador influenciam muito na forma como pesquiso. Até no meio acadêmico, tenho essa aura de escritor e de jornalista. Como quero passar as minhas informações, como construo as minhas narrativas. Escrevo de uma forma acessível, com o objetivo de facilitar a leitura.


O que você tem a dizer sobre as comparações com a obra de J.K. Rowling?

De fato Harry Potter foi a minha grande influência, não posso negar. Óbvio que hoje em dia é algo que tento me afastar. Entretanto, não é um livro 100% inspirado em Harry Potter, não só pela ambientação ou personagens. Eu quis partir de um lugar que fosse muito familiar para os leitores, mas a parte final é uma prova disso. Porque eu quis subverter tanto Harry Potter, quanto outras obras de fantasia que utilizam a jornada do herói.


E você tem outras influências literárias?

Outras sagas que me influenciaram bastante foram "Percy Jackson e A Tapeçaria", enquanto que em menor escala outras como "As Crônicas de Gelo e Fogo e A Torre Negra" e até os X-Men. Além disso, sou apaixonado por cinema, séries de TV e música. O gosto musical do meu protagonista reflete muito do meu, e sempre tento encaixar algumas referências à filmes, séries e bandas que eu gosto. No meu segundo livro, por exemplo, coloquei na epígrafe citações de duas músicas do U2 (uma das minhas bandas favoritas) porque ambas refletem bastante o perfil de um dos protagonistas e os conflitos que ele vive.


Não acho que ter referências deveria ser visto de uma forma negativa, porque a originalidade não existe. Nós somos alimentados o tempo todo com referências e isso é uma coisa positiva, porque nós assimilamos e transformamos as obras.


Quais gêneros você prefere trabalhar?

Apesar de gostar de vários gêneros, a fantasia é a minha escolha nº 1 e a ficção científica nº 2. A ideia de outros mundos, viagens no tempo, criaturas mágicas, seres extraterrestres, conflitos épicos,versões alternativas da nossa realidade, do uso da magia e da tecnologia, tudo isso sempre me levou a me interessar pela fantasia e pelo sci-fi. Entretanto, creio que algo que também me atrai nos gêneros é justamente como eles potencializam ao máximo o caráter “ficcional” da ficção, mas sem necessariamente serem escapistas, como se costuma dizer. Nada me cativa mais do que a possibilidade de usar a ficção fantástica e científica para discutir aspectos da nossa realidade.


Tem alguma curiosidade sobre o livro que o público ainda não sabe?

Talvez a escolha do título, que veio da frase: “Agora eu me tornei a morte, o destruidor de mundos”, muito associada a Robert Oppenheimer, um dos principais cientistas envolvidos com a criação da bomba atômica. Eu li essa frase numa reportagem sobre Oppenheimer que tinha numa edição da Superinteressante que lia lá em casa. Essa frase ficou na minha cabeça por anos, e quando comecei a escrever o livro já concebi que esse seria o título. Nas minhas pesquisas para a história, descobri que essa frase não era dele, e sim do deus hindu Vishnu, conforme narrado pelo livro sagrado Bhagavad-Gita. Quando você ler o livro vai perceber que esse termo, “destruidor de mundos”, tem muito a ver com a narrativa.


Para finalizar, que tal revelar algum segredo sobre seu processo de escrita?

Gosto de estruturar minha história o máximo possível antes de começar a escrever, criando até mesmo arquivos com “roteiros” sobre a ordem dos acontecimentos do livro; isso é algo que facilita muito em relação à própria escrita. Além disso, busco seguir o conselho do Stephen King sobre deixar seu livro descansando após escrever a primeira versão dele, e só pegar para revisar depois de um tempo, meses até; o olhar fica menos afetado e mais “frio” para identificar as mudanças necessárias.


Resenha e edição por Elisa Fonseca
Revisão por Gabi C. Marra
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