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Calêndula, de Mylena Araújo

(...) não teve escolha a não ser aceitar o seu destino, arrastando-se na terra como um verme meio pisoteado que insistia em se esconder nas raízes da árvore anciã. (...) Ela achegou-se à Calêndula, arranhando a sua casca grossa com as unhas até que sangrassem na tentativa ridícula de continuar viva por mais alguns minutos.



“Calêndula” é uma obra criada pela autora Mylena Araújo. Teve a sua publicação no dia 9 de Março de 2021 pela Amazon. Contém cento e dez páginas, vinte e dois capítulos divididos em três partes: um prólogo, um epílogo e ainda três páginas com agradecimentos.


O enredo conta a história de um grupo de ceifadores de almas no vilarejo de Jaçanaú. Tudo começa com Adélia, uma jovem que foi beijada aos dezoito anos por um fantasma. Cinco anos depois, somos catapultados para a vida de Moacira, a líder do grupo dos ceifadores de almas composto por Adélia, Sana, a filha do coveiro, além de Tadeu e Rafael, os dois únicos amigos de Adélia no grupo.



Moacira é uma jovem experiente, arrogante e pouco empática. Acaba sempre em discussão com Adélia, que é mais inexperiente e que, cinco anos depois, ainda não tinha ceifado nenhuma alma. Além disso, os pais de Adélia continuam a vaguear como fantasmas na casa da adolescente, algo que é o “calcanhar” da jovem, que deveria ceifá-los para que eles possam atravessar o véu.



A desarmonia do grupo é ainda mais abalada com a chegada de um homem de cabelo vermelho, que começa a atormentar Adélia, mas que depressa preocupa todos os colegas.



Calêndula” é o título desta obra. A razão é simples e criativa: é o nome da árvore anciã onde todo o enredo se situa. No entanto, a autora Mylena considera, nas páginas de agradecimentos, que "Calêndula" pode ser um “agrupamento de flores, amarelas ou alaranjadas, um calendário charmoso na parede ou o primeiro dia de cada mês”. Para ela é uma metáfora.


A escritora ainda deixa um desafio ao leitor: Contar o que realmente aconteceu com cada um dos personagens. A obra termina com um final aberto enorme e é contada por um narrador que simplesmente vai relatando a história, mas os personagens ficam entranhados na mente do leitor desde a primeira página.


Mylena Araújo escreveu esta fantasia sombria após superar um terrível bloqueio criativo. Calêndula” é o seu segundo romance lançado de forma independente. Uma prazerosa e viciante leitura.


Conheça Mylena Araújo


Mylena Araújo é escritora cearense, nascida em Fortaleza. Se deslocou ao longo de alguns gêneros literários até se encontrar na fantasia sombria. Sua obra "A sombra de outro mundo" foi destaque no Wattpad com mais de 35.000 leituras.

Autora Mylena Araújo (@mylenaaraujo21)

Mylena, o que atraiu você para o mundo da escrita?


Eu não fui uma criança que amava ler, morria de preguiça. Mas um certo dia, aos 13 anos, entrei na biblioteca da minha ex escola e achei um livro de fantasia. Devorei as páginas. Continuei lendo muitos livros depois disso e me vi perguntando: Se esses autores incríveis criaram seus próprios mundos, por que eu também não posso? Foi a partir desse pensamento que decidi me tornar escritora. A minha vontade de criar um mundo onde eu pudesse ser confortada, ficar a salvo. A escrita em si me salvou muitas vezes, ainda salva.


Como você se inseriu no mercado literário?


Minha jornada começou quando eu tinha 17 anos. Eu escrevia fanfics sob um pseudônimo e trabalhava no jornal da escola. Atualmente escrevo crônicas mensais para o Bora Cronicar. Escrevi Valera em 2014, A sombra de um outro mundo em 2016 e "Calêndula", que lancei recentemente. Com A sombra de outro mundo eu me surpreendi, porque a história teve mais de 35.000 leituras no Wattpad.


Mylena, a sua formação tem a ver com a escrita?


Em parte sim. Sou graduada em Recursos Humanos e acadêmica de Letras Espanhol. Também estou me especializando em Introdução à História da ópera e canto Lírico


As línguas e a música clássica influenciam na sua escrita?


Eu diria que a música clássica influencia (me ajuda) na hora de escrever. Eu ouço enquanto escrevo. Gosto muito de música clássica celta. É ótima para cenas de batalhas. Quanto às línguas, não, porque comecei ano passado, e ainda estou estudando sobre a cultura de cada uma delas.


Quais gêneros prefere trabalhar?


Eu sempre gostei de fantasia. Não me vejo sem algo de fantástico em minha narrativa. Tenho um livro de ficção científica no Wattpad. Ele foi escrito em primeira pessoa e, por isso, foi um desafio para mim, gostei muito. Mas, prefiro fantasia sombria.


Você consegue perceber temáticas e elementos que são recorrentes em suas escrita?


Geralmente é algo relacionado ao folclore. Gosto bastante das lendas por causa do meu avô, que foi um contador de histórias, não reconhecido oficialmente. Acho que meus personagens carregam um pouco das lendas...


Quais leituras você consome nos dias de hoje?


Eu leio de tudo um pouco. Tenho muitos amigos que escrevem, então suas histórias são as que mais consumo atualmente. O último livro nacional que li se chama Eu conheço Uzomi, uma distopia afrofuturista da Kinaya Black.


Todas essas narrativas incríveis me ajudam a entender novos horizontes e isso me traz muita inspiração. No entanto, não leio nada parecido com o gênero que estou escrevendo, porque acabo ficando com bloqueio.


Mylena, o que você diria sobre "Calêndula"?


"Calêndula" é a união de pedaços de tramas que engavetei ao longo dos anos. Em 2016, depois de concluir A sombra de um outro mundo no Wattpad, tive um grande bloqueio criativo que perdurou por quase 4 anos. Foi em meio a pandemia, durante a metade do ano passado, que iniciei "Calêndula". O processo de escrita foi esmagador. Contei com a ajuda de leitores betas, sem eles eu teria engavetado mais uma história. Antes disso, o enredo mudou muitas vezes, acho que tive uns três temas diferentes até chegar nos ceifadores. As pontas em aberto ao longo dos capítulos foram todos propositais.


Quais são seus próximos passos como escritora?


Atualmente comecei a escrever um novo romance de fantasia sombria. A trama carrega o vazio de um encontro trágico em meio a ponteiros de relógio girando em sentido anti-horário.



Quer conhecer mais da autora? Encontre Mylena no Instagram e no Wattpad



Resenha por Diana Pinto
Entrevista, edição e revisão por Elisa Fonseca e Filipo Brazilliano
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